Olá pessoas! como diz o texto sagrado:" O bom filho sempre a casa retorna". Voltamos, mas com algumas mudanças. Estou farto, farto de apenas falar de cultura brasileira, agora direi minha opinião sobre o passado, presente e futuro(por 50 reais a consulta). Com esse tempo ausente pude refletir sobre inúmeras coisas, ora pois foi um tempo longo sem posts (devem ter trocado uns três ministros nesse tempo) e uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida. E pensei sobre o ato de escrever, quando escrevemos mostramos-nos para o mundo ver, o lado " frágil "- o lado das entrelinhas - e o lado bruto do reino das palavras, do dicionario. Isso me assusta um pouco, comecei a perceber isso ao ler um poema de Drummond em que ele dizia que tudo sobre ele estava nos livros, se expondo e tal... e o pensamento a partir dele fluiu a ponto do panico se instalar sobre o que as pessoas pensam sobre mim, sobre o meu estar no mundo, sobre o que está nas entrelinhas. Eu não sei o que pensam que sou, espero ser o que não pensam ou o que pensam. Ontem estava a passear sobre as ruas de minha formosa Belém, e ao passar vi um jovem, um universitário passar com um livro de Fernando Pessoa. E aquela imagem de um livro velho, desgastado, e pensei o que Pessoa imaginava antes de escrever, o que os outros dirão sobre seu mundo? esse mundo mistico, da tristeza das coisas que não existem como ele diz. Todos sabem que sou um grande fã de Pessoas e seu heterônimos e quando leio encontro-me nesse mundofrágil dele, que está nas entrelinhas de seus poemas, como ele diz num poema sobre isto : “Cessa o teu canto! Cessa, que, enquanto o ouvi, ouvia uma outra voz como que vindo nos interstícios do brando encanto com que o teu canto vinha até nós. Ouvi-te e ouvia-a no mesmo tempo e diferentes, juntas a cantar. E a melodia que não havia se agora a lembro, faz-me chorar...” ah que infinita beleza cabe nos intervalos das palavras, nos intervalos de uma nota a outra. Os escritores sobrevivem disso de mostrar aos demais as melodias que não existem ao mundo bruto, que os tolos chamam de frágil quando ao contrario mostram a força do homem em sua educação dos sentimentos de confessá-los. Quantos são os homens que escondem-se sobre a falsa virilidade, brigam, aglutinam-se em festas e nos fundos das garrafas para esconder seus vazios sentimentais? ou seus instintos animais? Vou terminar por aqui, mas a vida continua e a reflexão por muito mais tempo. Vou-me em boa hora!
------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Não sei porque me lembrei desse poema:
Feliz Dia para Quem É
Feliz dia para quem é
O igual do dia,
E no exterior azul que vê
Simples confia!
Azul do céu faz pena a quem
Não pode ser
Na alma um azul do céu também
Com que viver
Ah, e se o verde com que estão
Os montes quedos
Pudesse haver no coração
E em seus segredos!
Mas vejo quem devia estar
Igual do dia
Insciente e sem querer passar.
Ah, a ironia
De só sentir a terra e o céu
Tão belo ser
Quem de si sente que perdeu
A alma p’ra os ter!
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Mamilo
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